TORNEIO
DO CENTENÁRIO DO SETE DE ESPADAS
Estamos a um curto passo
do regresso à competição, o que vai acontecer já na próxima semana!
Os detectives nunca se
sentem confortáveis sem a adrenalina dos desafios por resolver e esta ano ainda
com o aliciante de homenagear o Sete de Espadas no centenário do seu
nascimento.
Já na próxima semana
estará aqui o primeiro desafio para resolver, do Torneio do Centenário do Sete
de Espadas, um problema de características tradicionais, ou seja, a exigir um
relatório com as deduções efectuadas e as conclusões retiradas.
E como aperitivo e
aquecimento das “células cinzentas”, vamos publicar um desafio, passado
algures, no local onde se reúnem policiaristas já desaparecidos do nosso
convívio e em que o Sete, lá como sempre fez aqui, não falha uma presença!
QUATRO AMIGOS
Os quatro amigos estavam reunidos à mesa, algures num local estranho, que
não conseguimos identificar. Com maior pormenor, a neblina começou a
dissipar-se e as feições de cada um mostraram-se bem nítidas, permitindo o seu
reconhecimento:
Um era o inevitável Sete de Espadas, com a sua cabeleira rala, muito
branca, olhos vivos, sorriso franco; à sua frente, estava
o Dic Roland, detective de vastos recursos, que chegou a
ser chefe da polícia na Índia e que percorria o país em todos os eventos
policiários, como sempre fizera o Sete de Espadas; à direita, sentava-se o KO,
um professor de grande mérito que um dia descobriu que era exímio decifrador de
enigmas policiais e ganhou enorme fama no meio; à esquerda sentava-se o
restante amigo, o Rip Kirby, outro brilhante detective que
seguia todas as movimentações policiais, escrevendo e resolvendo enigmas, com
um gosto especial pelas classificações...
Aos quatro podiam chamar-se os “três mosqueteiros”, que como é sabido eram
quatro, ou como alguém sugeriu, o “bando dos quatro”!
Na verdade, cada qual à sua maneira, eram mestres venerados e ainda hoje
muito amados e respeitados no mundo do Policiário e que se reuniam no primeiro
dia do mês de Julho para comemorar mais um aniversário do Policiário no
PÚBLICO, agora que estavam impedidos de o fazer pessoalmente. O convite não era
só para eles, podiam comparecer todos os confrades que devido à passagem para
este novo lado, quisessem confraternizar e certamente que ainda iam aparecer
mais, mas a esta hora, eram só aqueles quatro.
No do ano anterior, foram dezenas os presentes e ali, ao contrário deste lado,
ninguém falta! São solidários e firmes nas suas convicções e têm a certeza que,
ano após ano, mais irão chegando, porque isso é uma inevitabilidade.
De história em história, chegaram ao momento em que o Rip Kirby,
entre sorrisos, lançou a “farpa” aos restantes, lembrando o acontecido na
reunião do ano anterior, quando estes mesmos quatro chegaram ao final do
encontro e foram fazer as contas para pagarem a despesa…
– Lembram-se em nome de quem foi pedida a factura? Lembram-se?
– Lembro-me que o número do contribuinte correspondia ao nome, letra a
letra, número a número! – recordou o Sete de Espadas.
– Ó Rip Kirby, está a lançar confusão! –
referiu Dic Roland com sorriso malandro.
– Pois é verdade e agora acrescento eu, o número foi o 143792651. – aí
estava o KO a pôr em jogo os seus dotes matemáticos.
Naquele fim de tarde, soaram gargalhadas que ecoaram e se prolongaram por
muito tempo, numa demonstração de que a camaradagem e amizade são mesmo
eternas. No ar ficou a pergunta para ser devidamente justificada:
De quem era o número de contribuinte que ficou na factura?
SOLUÇÃO:
Como é referido no texto, o número do contribuinte é relacionado com o nome
com que cada um dos confrades envolvidos é conhecido. Os confrades são
portugueses e por isso teremos de considerar que é de um número de contribuinte
nacional, individual, que falamos e por isso composto por nove algarismos e
começado por 1 ou 2.
Olhando para os nomes/pseudónimos, verificamos que só o confrade DIC ROLAND
tem precisamente 9 letras e apenas ele tem a mesma letra no início e no fim,
pelo que o seu número de contribuinte teria de começar e encerrar com o mesmo
algarismo, pelo que encaixa perfeitamente no número, perfeitamente fictício,
que consta do problema.
TRÊS ARMAS
DISPARARAM…
Solução de: Sete
de Espadas
Sendo fraco desenhador, só vos posso
oferecer o seguinte esquema, que no entanto tem o essencial.
Sabendo que todas as armas
dispararam e que todos os carros mostram vestígios de balas, vamos em primeiro
lugar, dispô-los, tal como se deveriam encontrar, no momento do crime
Assim, respondemos à vossa
pergunta.
Posto isto, tracemos as
trajectórias.
- Já estão!
- E agora, expliquemos a
intenção de «cada um dos possíveis criminosos».
1.º - Rouhen – recebeu um
telefonema anónimo dizendo-lhe que a «sua dama» saía da «Taverna Negra», com
Phillip, a caminho de Bordeaux. Louco de ciúmes – desprezando os bons avisos
que já por mais de uma vez lhe tinham enviado, mostrando as intenções daquela
«bela espia» - ruma para a «Taverna Negra», e arma a cena da curva – sabendo de
antemão que Phillip, sempre solícito, sairia do seu lugar para prestar auxílio.
O momento fora bem escolhido para se desfazer dele... Com a espera, o fresco da
noite e a trovoada, influíram no seu espírito. A vontade amoleceu e um outro
sentimento tomou vulto… e ele ficou, sim, mas com um objectivo bem diferente…
De facto não havia dúvida. Agora, friamente, reconheceu o interesse de Divonne,
acerca dos seus planos – como eram, como não eram, como tinham decorrido as
experiências, e por brincadeira se eles estavam no cofre do seu escritório…
Como fora louco em acreditar que era amor, aquele sentimento…
E quando o tiro partiu,
destinava-se à loira do Embaixador…
2.º - O Embaixador; - por sua
vez, sabendo do encontro da sua mulher com o romancista, resolveu segui-los,
para «saber certas coisas…» Quase ao chegar à curva, o carro da frente parou.
Ele, que trazia os faróis apagados, aproximou-se… e sem o esperar,
deparou-se-lhe uma oportunidade única. Um tiro, e depois ver-se-ia…
- Errou o coração, passando
centímetros à esquerda, a raspar no braço e enfiando a bala no banco de trás do
carro de Rouhen – a inclinação da perfuração e do impacto, só pode ter sido a
bala da sua arma.
- Julgou ouvir mais tiros e
resolveu-se a acender os faróis do seu carro… Phillip estava estendido de
bruços, mas o carro da frente fugia – estava salva a honra…
3.º - Divonne: - Vamos cá
perceber a mentalidade das mulheres! – Já desesperada com aquele flirt – e que
tudo arriscava e nada ganhava – resolve ficar com o tempo livre para se dedicar
a Rouhen e aos seus planos… Por outro lado começava a ter medo do escritor, que
tinha descoberto «muitas coisas» com o seu espírito observador…
Debruça-se na porta, cujo vidro
desceu e, friamente, ao ruído da tempestade, dispara sobre ele, matando-o à
traição. Provocando esta morte, salva-se… Porque foi também nesse momento que
Rouhen disparou a sua arma, cuja bala penetrou pelo pára-brisas a 38 cm da
porta e saiu pelo espaço onde devia estar o vidro que foi baixado – e a raspar
a loura cabeleira de Divonne…
Quanto aos outros furos no
pára-brisas dos carros de Rouhen e do embaixador, está provado que estes não se
afligiam com isso – o essencial, era disparar no momento oportuno…