TORNEIO SÁBADO POLICIÁRIO 2020
PROVA N.º 9 – PARTE II
O
INSPECTOR FIDALGO E O IATE MISTERIOSO
Há muitos meses que o Alberto estava debaixo de olho.
A polícia tinha informações bastante seguras de que se
tratava de um mediano passador de drogas, actuando numa
zona de difícil controlo, por ser muito visitada por nacionais e estrangeiros.
Com uma vigilância à distância, tão discreta quanto
possível, a polícia foi reunindo informações e indícios dos movimentos daquele
pescador amador, que todos os dias se sentava no mesmo local, preparava as
canas, o isco e por ali ficava horas e horas, numa pachorrenta sonolência.
Os agentes estavam a desesperar, dias e dias naquela
monotonia, a olhar para um homem que parecia incapaz de fazer mal a uma mosca,
fazendo contagem das vezes que lançava o isco, das vezes que retirava alguma
coisa, inventando jogos para se manterem minimamente atentos. Mas o que
acontecia era que a paciência se estava a esgotar e os agentes destacados
andavam à beira de um ataque de nervos.
Mas naquele dia, tudo se alterou.
O Alberto estava sentado no seu lugar de estimação, junto
da Torre Vasco da Gama, olhando na direcção da
ponte com o mesmo nome, seguindo as movimentações de três pessoas que
percorriam um iate de boas dimensões, ali ancorado. À primeira vista, nada que
despertasse suspeitas aos agentes, mas depois, um deles, colocado a jusante,
fazendo, também, de pescador, notou que havia uma espécie de sinalética, um
levantar e sentar, aparentemente sem sentido. Logo transmitiu a informação ao
outro agente, situado mais para o interior e a uma distância mais reduzida do
Alberto.
O dia estava belíssimo, não havia rasto de nuvens nem de
vento, o chamado dia perfeito para um bom passeio à beira-rio, seguindo o
mergulho das aves e a discreta ondulação que ia levantando uma leve espuma, rio
acima.
As movimentações das pessoas no iate começaram a indiciar
que este se aprestava para levantar âncora e avançar em direcção à foz do rio. Em poucos segundos apareceu uma
espuma branca e o iate avançou, ligeiro.
O agente-pescador largou a cana, erguendo-se para ter uma
melhor visão à passagem da embarcação, procurando reunir o máximo de
informação. Foi nesse momento, ao aproximar-se mais da água, que viu dois
embrulhos, flutuando na sua frente. Desceu, lesto, e apanhou-os. Não era
preciso grande esforço para deduzir que se tratava de tabletes de droga, como
já vira inúmeras vezes e que estavam dentro de água há poucos minutos.
Já de posse das embalagens, ergueu os olhos e cruzou o
olhar com as três personagens que passavam precisamente à sua frente. Ficou sem
saber se o olhavam surpreendidos por o verem dentro da água ou por ele
ter detectado algo que lhes era dirigido ou
que acabaram de largar para outras mãos…
Rapidamente dirigiu o olhar mais para cima, a tempo de ver
que o Alberto se aprestava para largar o seu poiso e sinalizou esse facto ao
colega, que no entanto já estava bem próximo de Alberto e em posição para a sua
detenção.
O iate foi intersectado mais adiante, já depois de passar
por baixo da Ponte 25 de Abril e a sua vistoria, de alto
a baixo, não deu em nada, se bem que um dos seus tripulantes já tivesse
uma longa história de tráfico.
Nos interrogatórios que se seguiram, o Alberto reafirmava a
sua inocência:
– Olhe, senhor agente, eu sou um cidadão como outro
qualquer, que apenas quer pescar. Sou pescador, vou para ali todos os dias, na
maior parte das vezes nem apanho nada, mas passo o meu tempo…
– Você está bem conotado com o tráfico de drogas, meu caro.
Sabemos que há muito tempo que lhe passam pelas mãos doses importantes de
drogas e dinheiros. Temos muitas informações, está tramado. Faltava-nos o
flagrante delito e ele aqui está. Se quer um conselho, é melhor confessar já!
– O senhor agente está equivocado. Eu não tenho nada que
ver com isto de que me acusa. Estava a pescar, mais nada. Todos os dias vou
para aquele lugar e não sei de mais nada.
– E o iate? Apanhámo-lo à saída do Tejo. Já sabemos tudo, é
melhor que confesse já e nos poupe a todos o trabalho de ter de retirar coisas
que já todos sabemos, não é verdade?
– Não posso confessar uma coisa que não é verdade e não
fiz…
O inspector Fidalgo que assistiu ao interrogatório num
canto escondido fez a retrospectiva da acção,
verificando minuto a minuto, segundo a segundo, toda a cena. E concluíu:
A – O Alberto pode estar envolvido e era o destinatário da
droga enviada pelo iate;
B – Embora seja o destinatário da droga enviada pelo iate,
Alberto não pode ser incriminado porque não há provas contra ele;
C – O Alberto pode estar envolvido naquele caso de droga,
mas ela não veio do iate;
D – O Alberto não pode estar envolvido naquele caso de
droga, nem a droga veio do iate.
E
pronto.
Já
de posse de todos os dados do problema, é chegado o momento dos detectives
serem chamados a ajudar o Inspector Fidalgo neste caso, impreterivelmente até
ao dia 31 de Outubro, bastando indicar a letra que antecede a resposta
escolhida, por e-mail para lumagopessoa@gmail.com ou,
optando pela via postal, Luís Pessoa, Estrada Militar, 23, 2125-109 MARINHAIS.
Boas
deduções!