TORNEIO SÁBADO POLICIÁRIO 2020
PROVA N-º 3 – PARTE I
O “ENGANO” DO INSPECTOR FIDALGO
Uma das capacidades do
Inspector Fidalgo é a sua memória fotográfica infalível! Pelo menos disso se
gabava e muitas vezes o confirmou, para gáudio e alguma inveja dos seus
colegas. Por isso, sempre que havia algum acontecimento mais delicado para a
segurança, era “mobilizado” para o aeroporto, onde percorria com o olhar arguto
as filas dos que pretendiam entrar no país. De modo infalível, mandava retirar
das filas aqueles que já tinham tido questões e criado problemas!
Naquela tarde, no
entanto, as suas capacidades não pareciam estar em alta, quando mandou sair de
uma das filas um homem baixo mas forte, de tez morena, com fortes traços de ser
indiano. Fidalgo reconheceu-o de imediato, por uns anos antes ter causado
desacatos numa recepção de pessoas importantes.
Na altura, recordava-se,
o cidadão indiano foi mesmo detido e expulso do país, com proibição de
regresso. Mas agora ali estava, contrariando a sentença proferida…
– Mister, já sabe que
não pode entrar em Portugal, não é verdade?
– Como diz? Não posso,
porquê? Se tenho tudo em ordem…
A resposta em bom português
não surpreendeu Fidalgo, que já estava à espera disso.
– Sabe bem porquê. Há
uns anos foi detido por ter confrontado um líder político sobre um caso
qualquer passado na Índia e foi proibido de regressar!
– Ora essa, não é
verdade! É a primeira vez que venho a Portugal, nunca aqui estive! Sou natural
da Índia, mas estou há muitos anos em Moçambique, na cidade da Beira, onde moro
e venho cá pela primeira vez. Falo bem português porque em Moçambique é o que
se fala, sabia? Tenho passaporte, estou legal e não percebo nada do que diz
sobre eu ter já estado aqui, não é verdade!
– Pois, pois, faça o
favor de vir para esta sala, para esclarecermos tudo…
Mais de uma hora depois,
o imbróglio mantinha-se. Fidalgo reforçava que conhecia o indivíduo e este
reafirmava que não era verdade. Nomes para cá, nomes para lá, passaporte para
um lado, passaporte para outro e nada! Cada qual não saía da sua, até que o
chefe teve de intervir e depois de fazer os testes possíveis, interrogatório
mais aprofundado, confirmação de reservas e outras coisas, sem poder consultar
a sistema informático inoperacional, acabou por pedir desculpa ao passageiro,
permitindo-lhe a entrada.
Para Fidalgo, foi uma
espécie de murro no estômago, ele que ostentava uma auréola de infalível, foi
ali mesmo desautorizado, para mais na presença de um grupo de “maçaricos”, que
olhavam para ele como olhariam um dinossauro!
– Mas, chefe, ele é
mesmo…
– Chega, Fidalgo! Temos
de ser rigorosos, não podemos atropelar os direitos de quem chega para nos
visitar. Não há provas, temos de aceitar!
– Mas…
– Não há mais mas nem
meio mas, ficamos por aqui. Toca a trabalhar, meus senhores…
O Fidalgo não ficou nada
satisfeito, no fundo acabou por ser derrotado pela sua memória visual que nunca
o abandonara, até então. Nem quis ficar a assistir à entrada do cidadão indiano
morador em Moçambique, que percorreu todo o caminho em amena conversa com o
chefe, que procurava assegurar-se que não apresentaria qualquer queixa,
pedindo-lhe desculpas pelo ocorrido. No parque das viaturas de aluguer assistiu
à assinatura dos papéis da viatura que reservara a partir de Moçambique e logo
depois à sua partida, rápida e expedita, rumo a Sintra, onde se situava o
hotel.
– Uff! Ainda bem
que não vai haver queixa… O Fidalgo ia arranjando uma boa trapalhada…
Será que o desabafo do chefe
tem razão de ser? O Inspector Fidalgo estava mesmo enganado? Justifique todas
as suas afirmações.
Resta
aos detectives procederem à sua investigação e enviarem os relatórios com as
conclusões a que chegarem, impreterivelmente até ao dia 30 de Abril, para o
email lumagopessoa@gmail.com
ou por via postal para Luís Pessoa, Estrada Militar, 23, 2125-109 MARINHAIS.
Boas
deduções!