quinta-feira, 4 de fevereiro de 2021

POLICIÁRIO DE 28 DE JANEIRO

 

TORNEIO DO CENTENÁRIO DO SETE DE ESPADAS

Estamos a um curto passo do regresso à competição, o que vai acontecer já na próxima semana!

Os detectives nunca se sentem confortáveis sem a adrenalina dos desafios por resolver e esta ano ainda com o aliciante de homenagear o Sete de Espadas no centenário do seu nascimento.

Já na próxima semana estará aqui o primeiro desafio para resolver, do Torneio do Centenário do Sete de Espadas, um problema de características tradicionais, ou seja, a exigir um relatório com as deduções efectuadas e as conclusões retiradas.

E como aperitivo e aquecimento das “células cinzentas”, vamos publicar um desafio, passado algures, no local onde se reúnem policiaristas já desaparecidos do nosso convívio e em que o Sete, lá como sempre fez aqui, não falha uma presença!

 

QUATRO AMIGOS

 

Os quatro amigos estavam reunidos à mesa, algures num local estranho, que não conseguimos identificar. Com maior pormenor, a neblina começou a dissipar-se e as feições de cada um mostraram-se bem nítidas, permitindo o seu reconhecimento:

Um era o inevitável Sete de Espadas, com a sua cabeleira rala, muito branca, olhos vivos, sorriso franco; à sua frente, estava o Dic Roland, detective de vastos recursos, que chegou a ser chefe da polícia na Índia e que percorria o país em todos os eventos policiários, como sempre fizera o Sete de Espadas; à direita, sentava-se o KO, um professor de grande mérito que um dia descobriu que era exímio decifrador de enigmas policiais e ganhou enorme fama no meio; à esquerda sentava-se o restante amigo, o Rip Kirby, outro brilhante detective que seguia todas as movimentações policiais, escrevendo e resolvendo enigmas, com um gosto especial pelas classificações...

Aos quatro podiam chamar-se os “três mosqueteiros”, que como é sabido eram quatro, ou como alguém sugeriu, o “bando dos quatro”!

Na verdade, cada qual à sua maneira, eram mestres venerados e ainda hoje muito amados e respeitados no mundo do Policiário e que se reuniam no primeiro dia do mês de Julho para comemorar mais um aniversário do Policiário no PÚBLICO, agora que estavam impedidos de o fazer pessoalmente. O convite não era só para eles, podiam comparecer todos os confrades que devido à passagem para este novo lado, quisessem confraternizar e certamente que ainda iam aparecer mais, mas a esta hora, eram só aqueles quatro.

No do ano anterior, foram dezenas os presentes e ali, ao contrário deste lado, ninguém falta! São solidários e firmes nas suas convicções e têm a certeza que, ano após ano, mais irão chegando, porque isso é uma inevitabilidade.

De história em história, chegaram ao momento em que o Rip Kirby, entre sorrisos, lançou a “farpa” aos restantes, lembrando o acontecido na reunião do ano anterior, quando estes mesmos quatro chegaram ao final do encontro e foram fazer as contas para pagarem a despesa…

– Lembram-se em nome de quem foi pedida a factura? Lembram-se?

– Lembro-me que o número do contribuinte correspondia ao nome, letra a letra, número a número! – recordou o Sete de Espadas.

– Ó Rip Kirby, está a lançar confusão! – referiu Dic Roland com sorriso malandro.

– Pois é verdade e agora acrescento eu, o número foi o 143792651. – aí estava o KO a pôr em jogo os seus dotes matemáticos.

Naquele fim de tarde, soaram gargalhadas que ecoaram e se prolongaram por muito tempo, numa demonstração de que a camaradagem e amizade são mesmo eternas. No ar ficou a pergunta para ser devidamente justificada:

De quem era o número de contribuinte que ficou na factura?

 

SOLUÇÃO:

Como é referido no texto, o número do contribuinte é relacionado com o nome com que cada um dos confrades envolvidos é conhecido. Os confrades são portugueses e por isso teremos de considerar que é de um número de contribuinte nacional, individual, que falamos e por isso composto por nove algarismos e começado por 1 ou 2.

Olhando para os nomes/pseudónimos, verificamos que só o confrade DIC ROLAND tem precisamente 9 letras e apenas ele tem a mesma letra no início e no fim, pelo que o seu número de contribuinte teria de começar e encerrar com o mesmo algarismo, pelo que encaixa perfeitamente no número, perfeitamente fictício, que consta do problema.

TRÊS ARMAS DISPARARAM…

Solução de: Sete de Espadas

 


Sendo fraco desenhador, só vos posso oferecer o seguinte esquema, que no entanto tem o essencial.

Sabendo que todas as armas dispararam e que todos os carros mostram vestígios de balas, vamos em primeiro lugar, dispô-los, tal como se deveriam encontrar, no momento do crime

Assim, respondemos à vossa pergunta.

 

Posto isto, tracemos as trajectórias.

 

- Já estão!

- E agora, expliquemos a intenção de «cada um dos possíveis criminosos».

1.º - Rouhen – recebeu um telefonema anónimo dizendo-lhe que a «sua dama» saía da «Taverna Negra», com Phillip, a caminho de Bordeaux. Louco de ciúmes – desprezando os bons avisos que já por mais de uma vez lhe tinham enviado, mostrando as intenções daquela «bela espia» - ruma para a «Taverna Negra», e arma a cena da curva – sabendo de antemão que Phillip, sempre solícito, sairia do seu lugar para prestar auxílio. O momento fora bem escolhido para se desfazer dele... Com a espera, o fresco da noite e a trovoada, influíram no seu espírito. A vontade amoleceu e um outro sentimento tomou vulto… e ele ficou, sim, mas com um objectivo bem diferente… De facto não havia dúvida. Agora, friamente, reconheceu o interesse de Divonne, acerca dos seus planos – como eram, como não eram, como tinham decorrido as experiências, e por brincadeira se eles estavam no cofre do seu escritório… Como fora louco em acreditar que era amor, aquele sentimento…

 

E quando o tiro partiu, destinava-se à loira do Embaixador…

2.º - O Embaixador; - por sua vez, sabendo do encontro da sua mulher com o romancista, resolveu segui-los, para «saber certas coisas…» Quase ao chegar à curva, o carro da frente parou. Ele, que trazia os faróis apagados, aproximou-se… e sem o esperar, deparou-se-lhe uma oportunidade única. Um tiro, e depois ver-se-ia…

- Errou o coração, passando centímetros à esquerda, a raspar no braço e enfiando a bala no banco de trás do carro de Rouhen – a inclinação da perfuração e do impacto, só pode ter sido a bala da sua arma.

- Julgou ouvir mais tiros e resolveu-se a acender os faróis do seu carro… Phillip estava estendido de bruços, mas o carro da frente fugia – estava salva a honra…

 

3.º - Divonne: - Vamos cá perceber a mentalidade das mulheres! – Já desesperada com aquele flirt – e que tudo arriscava e nada ganhava – resolve ficar com o tempo livre para se dedicar a Rouhen e aos seus planos… Por outro lado começava a ter medo do escritor, que tinha descoberto «muitas coisas» com o seu espírito observador…

Debruça-se na porta, cujo vidro desceu e, friamente, ao ruído da tempestade, dispara sobre ele, matando-o à traição. Provocando esta morte, salva-se… Porque foi também nesse momento que Rouhen disparou a sua arma, cuja bala penetrou pelo pára-brisas a 38 cm da porta e saiu pelo espaço onde devia estar o vidro que foi baixado – e a raspar a loura cabeleira de Divonne…

Quanto aos outros furos no pára-brisas dos carros de Rouhen e do embaixador, está provado que estes não se afligiam com isso – o essencial, era disparar no momento oportuno…  

 



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