segunda-feira, 29 de março de 2021

MENÇÕES HONROSAS

TORNEIO DO CENTENÁRIO DO SETE DE ESPADAS 



NA PRIMEIRA PROVA FORAM NOVE:


ARMÉNIO GEORGIANO

BÚFALOS ASSOCIADOS

DETECTIVE JEREMIAS

DUQUE DOMINGOS

INSPECTOR ARANHA

INSPECTOR BOAVIDA

JOMASACUMA

MISTER H

quarta-feira, 24 de março de 2021

POLICIÁRIO DE 18 DE MARÇO

 


TORNEIO DO CENTENÁRIO DO SETE DE ESPADAS



PROVA N.º 2-C

O FALSO SUICÍDIO - FOTOPROBLEMA

ORIGINAL DE: PAULO


Como lhe dizia, senhor inspetor, o António chamou-me a casa dele. Mandou-me sentar e, sentado na sua secretária, disse-me que ia fazer um documento em que confirmava que me devia cem mil euros. Eu disse-lhe que não precisava, que confiava nele.

O António não ligou ao que eu disse. Estava em frente ao portátil, mas não o usou, colocou uma folha branca na secretária e começou a escrever. Até foi rápido. Depois disse, já está. Pousou a caneta, abriu uma gaveta da secretária e só o vi de arma na mão a encostar o cano à cabeça e disparar.

Arlindo Salcedo lembrava as declarações da testemunha, Jorge Gomes, e o corpo da vítima tombado no chão. Um orifício na têmpora direita. A pistola caída, não muito longe da mão. Uma cápsula no chão do escritório.

Na mão de Arlindo Salcedo havia dois documentos: uma fotografia da secretária e uma folha com um texto onde António Reboredo assumia uma dívida de cem mil euros a Jorge Gomes, assinada pelo primeiro. Na folha, a mesma que a fotografia registara em cima da mesa, podia ler-se, “Eu, António Miguel Sousa Reboredo, afirmo dever cem mil euros (100 000) a Jorge Rui de Almeida Gomes, que me foram emprestados para eu realizar o negócio da Quinta Velha.  26 de Dezembro de 2020”. Seguia-se a assinatura da vítima.

Ainda no local onde ocorrera a morte de Arlindo Salcedo não duvidou que precisava de efetuar umas perícias nas mãos da testemunha e da vítima para confirmar que se estava perante um homicídio perpetrado por Jorge Gomes.

Leia o problema, observe a fotografia da secretária e indique por que é que Arlindo Salcedo desconfiou de Jorge Gomes.


E pronto.

Aqui fica mais um problema vindo de Viseu, de autoria do confrade Paulo e que nos traz uma nova modalidade: Fotoproblema.

Significa isso que a foto apresentada pode e deve ser usada como prova e, mais do que isso, encerra em si a solução do desafio, devendo os detectives, de forma sucinta, explicarem o que despertou a suspeita, impreterivelmente até ao dia 31 do corrente mês de Março, para lumagopessoa@gmail.com ou, caso optem pela via postal, Luís Pessoa, Estrada Militar, 23, 2125-109 MARINHAIS.

Boas deduções e observações!

TERTÚLIAS E CONVÍVOS POLICIÁRIOS

 

MEMÓRIAS

 

Uma das principais vertentes em que o Sete de Espadas sempre apoiava a sua acção, enquanto divulgador do Policiário, era a questão do relacionamento dos policiaristas de todo o país, privilegiando a constituição de tertúlias, locais onde os detectives de uma certa zona se reuniam e discutiam os problemas e outros assuntos policiários.

Na fase seguinte, cada tertúlia promovia e organizava os convívios policiários nas respectivas zonas, recebendo os confrades de todo o país, que pudessem e quisessem comparecer.

O primeiro convívio ocorreu em 1955, em Ponte de Sor e mereceu ao Sete de Espadas uma reportagem que publicou em 1976 no Mundo de Aventuras, com o título “Nós Fomos a Ponte de Sor!” e que começava “Pela primeira vez, dentro da nossa Grande Família do Policiário e em Portugal, foi realizada uma visita de camaradagem e amizade aos núcleos da Província.”

Com o ressurgir do Policiário no Mundo de Aventuras, em Março de 1975, pouco depois da restauração da democracia, o “boom” ocorrido espalhou a constituição das tertúlias e passou a haver convívios todos os meses, de norte a sul do país, a que se seguiu uma pequena quebra, originada pela enorme oferta a que a juventude teve, finalmente, acesso.

Em 1980, o Diário de Lisboa publicava uma reportagem sobre o “segundo fôlego das tertúlias policiárias” e falava do convívio de Vila Nova de Famalicão, numa altura em que o Minho e o Norte do país marcavam enorme presença.

Alguns locais eram já icónicos e os convívios marcava-se de um ano para o outro e, em cada um deles, contava-se um ano de histórias!

Um dos mais desejados e frequentados, era o Convívio de Almada, organizado pela respectiva tertúlia e que reunia muitos dos confrades do sul do país, também graças à secção policiária que o confrade “O Gráfico” orientou durante muitos anos, no Jornal de Almada. A foto que escolhemos é uma das poucas em que o Sete de Espadas aparece e foi recolhida no convívio de 1983.



Nela, vamos encontrar, da esquerda para a direita, o Alva, do Laranjeiro; a Lebasi, de Lisboa; o Sete de Espadas; o O Gráfico e, em primeiro plano, a Pal, de Algés, uma figura sempre presente em quase todos os convívios.

A mesma Pal que vamos encontrar, no ano seguinte, em conjunto com o Durandal e o Carlos Estegano, na génese de uma tertúlia policiária que teve actividade relevante e se apresentou ao “Mundo Policiário”, na pessoa do Sete de Espadas, a quem dirigiu o seu “manifesto”, de forma original:




SOLUÇÕES E CLASSIFICAÇÕES

 Na próxima semana, serão publicadas as soluções dos três desafios da prova n.º 1 do Torneio do Centenário do Sete de Espadas.

Nesse mesmo dia, estarão disponíveis as pontuações obtidas pelos detectives, no blogue SÁBADO POLICIÁRIO, em sabadopoliciario.blogspot.com.

 


quinta-feira, 18 de março de 2021

POLICIÁRIO DE 11 DE MARÇO

 



TORNEIO DO CENTENÁRIO DO SETE DE ESPADAS



PROVA N.º 2-B 

UM CRIME NUMA TASCA RICA

Original de ABRÓTEA

   O dia estava a correr mal, aliás. Terminar os relatórios com algumas semanas de atraso, ainda por cima sem nenhum dos meus homens. O pior era a Mara e o “Baixinho”!

   Pensei bem, hora de fechar a loja... pensei, apenas pensei... quando entrou o Matos.

   Parabéns avô Matos – exclamei – até parece que és tu o pai, mas enfim!

   - Desculpa-me chefe, mas hoje é hoje, e nos outros dias temos andado em cima de um assunto, que também te deve preocupar, nunca te falámos nada, porque como vais perceber, tem que ver contigo, e com todos nós... Mas vamos até a uma tasca que conheces bem – continuou o Matos – o resto do pessoal está lá, e é aí que temos estacionado, só não fui esta manhã pelos motivos que sabes.

   Sabia bem qual era a tasca. Velhas recordações vinham-me à cabeça, boas e más.

   Chegados ao local logo uma recepção ao Matos. Victor e Paulo estavam na porta de entrada, mesmo aqui na rua ouvia-se perfeitamente a algazarra que provinha do interior.

   - Chefe, gritou o Paulo – venha cá, parabéns.

   Ainda nem tinha reparado na minha figura, quando emudeceu, mandou-nos entrar, quando começou a festa a sério. Foi então que o Paulo chamou a atenção da restante equipe, pelos vistos estavam todos presentes, estavam felizes pelo Matos, e por mim... não sei bem.

   O detective Paulo foi o primeiro a interromper o silêncio que se tinha instalado naquela sala.

   Chefe, chefe, isto não é o que parece – falou o Paulo, com uma gelada na mão. O inspector Matos também está a par da situação, mas hoje é o dia dele.

   Rick, lembras-te do bando do “PEIXE S” – perguntou o “Doc”, e continuou – aquele bando a quem cortaste a cabeça da “peixota” maior, mandando-a para aquele lugar onde se olha o sol aos quadradinhos ...?

   Sem o deixar continuar falei – lembro-me bem, mas o que é que isso tem a ver com vocês passarem aqui dias e noites? Eu é que aturo o BIG Chefão, não são vocês – resmunguei. Mas já sei que essa cujo nome não quero dizer, foi solta.

   Sim, - exclamaram todos em uníssono – pouco mais de dois meses atrás, e vem aqui como fadista, mas nem sabemos qual o fado que canta, porque naquela sala, aquela lá em cima apenas se demora dois a cinco minutos no máximo.

   Tempo suficiente para envenenar qualquer um dos que estão lá, pensei eu. Quem são os frequentadores – perguntei apontando para o andar cimeiro.

   Conheces todos eles, a tua tia só os reconheceu muito tempo depois, e por causa das comidas, além da Célia Sargo temos diariamente e até altas horas o Joaquim Salmão, Jorge Sargueta, Manuel Sardinha e António Safio...

   Bela equipa – interrompi – e porque acham que hoje é o dia? Notaram algo?

   - Sim – a Safio não aparece há três dias, e todos eles nesses últimos dias andam com uma carranca – responderam.

Levantei-me e dirigi-me ao bar onde a minha tia estava atarefada a “sacar” canecas de imperial. Perguntei quem os servia, e o que geralmente comiam, e ao seu ouvido mandei-a trancar todas as portas menos a principal, algo estava prestes a acontecer... o Luis explicou-me que os quatro nunca trocavam de posição, e que comiam sempre a mesma coisa. Já era coisa de outrora, pensava ele, e um deles queria sempre o talher ao contrário.

    Nisto um alvoroço, pois 3 dos nossos “procurados” procuravam escapar, mas esbarraram na força da nossa equipe, faltava um. Mandei o “Doc” subir primeiro, e encarei o meu velho Quim Salmão, perguntando qual a pressa? Apenas a sua mão esquerda se movia, desde pequeno, um acidente danificara-lhe a direita.

   - Acho que houve um pequeno acidente lá em cima – respondeu. Vamos dar uma vista de olhos, retorqui, e sem pressas.

No primeiro andar, num dos reservados encontrava-se o “Doc”, acenou a uma pergunta muda, pois sabia o que significava, na mesa, uma cabeça deitada sobre ela, respirava com dificuldade, na mão um pequeno volume de sal, talvez para temperar a salada das suas sardinhas assadas. Mas os pratos vazios, tanto a travessa da sardinha, como a da salada, e até a broinha faltava. Apenas um prato cheio de espinhas e claro o pouco das cabeças.

Nas costas, abaixo do ombro direito uma faca espetada. De frente para ele, mas no lugar oposto, um prato com espinhas grossas, algumas batatas assadas. No seu lado esquerdo um peixinho frito, ainda com a cebolinha e azeite por cima. Na sua direita peixe grelhado, com um pouco de alcaparra, alho, azeite e limão.

   Fiz um sinal ao “Doc”, e este - Sabes quem foi não sabes Rick? – perguntou o Victor “Doc”.

   Sei sim, e os nossos detectives também...

E aqui fica:

 

A)     A Célia

B)     O Sargueta

C)     O Salmão

D)     O Safio

 

E pronto.

Aqui fica este desafio do confrade setubalense Abrótea. Um detective nascido no “Mistério Policiário” do Mundo de Aventuras, nos anos 70 do século XX, pela mão inevitável do Sete de Espadas e também figura de proa do Charadismo e Cruzadismo.

Este problema, de escolha múltipla, apenas exige que cada detective identifique a alínea que o resolve, sem necessidade de qualquer justificação, que no entanto, pode ser dada pelo concorrente.

A resposta terá de ser enviada impreterivelmente até ao dia 31 de Março para lumagopessoa@gmail.com ou, se a opção for pelo envio postal, Luís Pessoa, Estrada Militar, 23, 2125-109 MARINHAIS.

Boas deduções!

 

 CHARADAS, CRUZADAS, POLICIÁRIO…

 

São muitos os exemplos de contacto entre as diversas formas de prática dos chamados desportos intelectuais e o Sete de Espadas incluía quase sempre problemas de Palavras Cruzadas nos seus torneios.

Muitos charadistas e cruzadistas passam pelo Policiário e não há sinais de grande atrito ou resistência. Na verdade, o espírito que se vive no Policiário encaixa como uma luva no conceito de “puxar pelas cinzentas” que todas as outras modalidades também procuram.

Nomes enormes das Cruzadas e Charadas, como o Mr. King (Big Ben no Policiário) a que já nos referimos e o confrade que hoje assina o problema, Abrótea, não são casos isolados. Podemos referir Zepote ou Amascar como outros exemplos, entre tantos.

(Abrótea, em pé, ouvindo o Inspector Fidalgo

e o saudoso Rip Kirby, num convívio no Barreiro)

Abrótea é, por opção, um organizador, um confrade que segue com determinação o que o Sete de Espadas sempre preconizou, ou seja, conviver sempre e em toda a parte que for possível.

Por isso vamos encontrar o Abrótea na organização de muitos convívios policiários em Setúbal, onde vive, sendo famosas as sardinhadas, bem como de encontros nacionais de charadistas e cruzadistas, agora em “banho maria” devido aos efeitos da pandemia.

 

(Abrótea, o segundo da direita, no convívio policiário de Setúbal em 1979)

 

No seu livro, recentemente editado, “O Desafio ao Inspector Rick”, Abrótea define a sua aparição no Policial, na primeira pessoa:

“Desde novinho habituado a ler BD, tomei o gosto pelo romance policial em meados de “78”, ao frequentar a Biblioteca Municipal e surripiar uns velhos livros da Vampiro, que guardo até hoje.”

Da mesma forma, muitos foram os nossos confrades que se serviram das Bibliotecas Itinerante da Fundação Calouste de Gulbenkian, único meio para terem o primeiro contacto com a literatura policial.


 

 


POLICIÁRIO 63

 


quarta-feira, 10 de março de 2021

POLICIÁRIO DE 4 DE MARÇO

 


TORNEIO DO CENTENÁRIO DO SETE DE ESPADAS



PROVA N.º 2-A

UM CASO ANTIGO

Original de PEDRO MANUEL CALVETE

                                                                                  

            O inspector-chefe Hélder Macedo – Big Mac para os amigos da PJ – estacionou no vasto terreiro ao lado do espampanante Mercedes negro que já sabia pertencer à vítima e esperou que a nuvem de pó que o carro levantara se dissipasse antes de desligar o motor e sair do conforto do ar condicionado para o calor tórrido do Alentejo. Subiu os degraus de madeira pausadamente, recebeu a aprumada saudação militar do guarda da GNR que já o esperava no árido pátio fronteiro à entrada do celeiro e, percebendo a diferença de temperatura, logo se refugiou na sua relativa penumbra, enquanto o agente se aprestava a ir buscar a testemunha.

            O celeiro, transformado no átrio de entrada/museu de lavoura da quinta – que atraía com passeios de balão os ocasionais incautos citadinos dos alojamentos rurais das redondezas – devia ter uns 20 metros de comprimento, com duas largas portas de madeira em cada extremo, abertas por metade, sem janelas em qualquer das baixas paredes mas com as telhas à vista por cima dos intrincados travejamentos de madeira. O Sol que se escoava pelos intervalos criava colunas oblíquas de poeiras que pontilhavam de luz o chão de terra batida. No largo corredor central, a uns dois metros da porta, havia um largo oleado escuro. Não precisava de adivinhar o seu propósito: protegia o local onde a vítima se esvaíra em sangue. Desviou a atenção para o cenário: do seu lado esquerdo, até onde distinguia a extensão do edifício, eram exibidos os apetrechos pesados de lavoura: carros de bois, charruas, arados, cangas, celhas, taráras, grades de tornos,… Do seu lado direito, sucediam-se as pipas e as talhas de barro de dimensões desencontradas, mais afastadas umas das outras, a convidar a uma circulação perto da parede caiada de um branco novo onde, equilibradas em meros pregos de suporte, eram exibidas forquilhas de formatos sortidos, manguales pequenos e grandes, ancinhos de madeira e de madeira e metal, enxadas grossas e finas, gadanhas simples e complexas, foices dos mais diversos tamanhos e curvaturas, … Aproximou-se destas, as mais próximas, notando uma flutuação de cores na folha da do meio de um painel de nove, e não evitou um esgar de nojo quando percebeu que eram causados pelas varejeiras que se passeavam nela. Ao seu movimento de repulsa seguiu-se o zumbido das moscas a levantar vôo. Atravessou o edifício enquanto verificava a rede do telemóvel, foi espreitar da outra porta – que dava para um pátio calcetado com árvores frondosas nos seus quatro cantos. Avaliou a visão de ponta a ponta do celeiro e atravessou de novo toda a sua extensão, contando os passos até à porta por onde entrara.

Estava a pensar como seria andar num balão de ar quente com aquele calor quando, pela porta da extremidade oposta, regressou o guarda, acompanhado do zelador do sítio, um homem robusto e rústico que o examinou com curiosidade e que, após as saudações, lhe foi apresentado como “Manuel Vinagre, testemunha presencial”. 

O inspector Macedo tirou uma agenda e uma caneta do bolso, desculpou-se por pedir a repetição do relato, e anotou o que ouviu em cerrado sotaque alentejano:

Manuel Vinagre +/- 10h na loja, ouviu gritos / da entrada viu vulto correr porta oposta / só viu corpo perto golfar sangue pescoço / várias feridas / ouviu o som de uma moto a afastar-se / não foi ver p/telef. 112 / antes não viu/ouviu nada / ainda não tinha chegado +ninguém / nunca tinha visto a vítima” Sublinhou a última anotação.

Aproximou-se do oleado e levantou-lhe uma ponta. O corpo já tinha sido removido, mas descobriu por baixo uma mancha escura grande, como o centro de um malmequer, e um conjunto de “pétalas” da mesma cor, a emanar dele, algumas mais destacadas. Depois voltou a pousar o oleado e examinou cuidadosamente o chão do celeiro, do pátio e das escadas, descobrindo em todos eles vestígios de pequenas pingas da mesma cor escura, que foi fotografando com o telemóvel enquanto sacudia as moscas. Abominava moscas, mais ainda as que zumbiam.

O guarda e o zelador tinham-no seguido calados, mas quando, na base das escadas, deu por concluído o seguimento do rasto, o primeiro informou-o que a arma do crime – um instrumento perfurante, segundo a equipa forense que recolhera o corpo – não tinha sido encontrada e que não tinham protegido depois o acesso ao celeiro porque a equipa tinha fotografado tudo minuciosamente e recolhido amostras do rasto de sangue até ao terreiro. E mais acrescentou que, logo que tinham recebido a informação do crime, o oficial de dia tinha mandado colocar barreiras nas estradas para identificar todos os motociclistas que se afastassem de Vermelhença – mesmo que, adiantava ele, fosse impossível que tivessem ido a tempo. Depois do aparte, o inspector-chefe Macedo observou-o de soslaio. Não era comum encontrar agentes da GNR a partilhar com a PJ opiniões sobre as opções dos superiores hierárquicos, muito menos quando não eram abelhudos – e aquele ainda não tinha sido.     

Voltou ao celeiro, de novo seguido silenciosamente pelos dois homens. Dirigiu-se lentamente ao painel de foices, e tirou-lhe várias fotos com o telemóvel. Abriu-as uma a uma, certificando-se de que as varejeiras eram de novo visíveis na mesma foice central, e deu ordem de prisão ao Manuel Vinagre.

 

 

E pronto.

Aqui fica o primeiro desafio da prova n.º 2, em que o autor não pede, mas torna-se imperativo que haja um relatório sobre os factos e as deduções, para chegar à detenção do Manuel Vinagre.

Até ao dia 31 de Março, poderão responder para lumagopessoa@gmail.com, ou, em alternativa, enviar por via postal para Luís Pessoa, Estrada Militar, 23, 2125-109 MARINHAIS.

Boas deduções!                                                                                

 

GERAÇÃO “MUNDO DE AVENTURAS”

 

Um jovem da Figueira da Foz, que acompanhava a secção do Sete de Espadas no Mundo de Aventuras, em Março de 1976 lá estava, numa foto com alguns dos participantes no I Convívio em Coimbra, uma jornada inesquecível para o Policiário.

 


Quando em 1977 nos iniciámos como orientadores e coordenadores de uma secção policiária, na revista de passatempos “Cruzadex”, esse mesmo jovem imediatamente se distinguiu, pela qualidade e profundidade das soluções que apresentava! Identificava-se como MYCROFT HOLMES e cada relatório, muitas vezes com mais de 100 páginas, surpreendia pelos ângulos que escolhia para abordar os temas.

Em conversas com o Sete de Espadas, também ele se admirava com a maturidade revelada na escrita e nos convívios a que passou a comparecer, como é o caso desta segunda foto, obtida em Viseu.



Depois de muitos anos sem notícias, com as voltas e revoltas que a vida dá, um dia “reapareceu”, já eminente jurista e muita obra feita. Combinámos um almoço e aí mesmo decidimos fazer uma surpresa ao Sete de Espadas, já enfermo e confinado às imediações da sua casa, em A-dos-Cunhados.

Não fomos a tempo, o Sete faleceu, entretanto!

Mas o Mycroft Holmes passou a acompanhar o Policiário mais de perto, esteve no Convívio de Santarém que assinalou as mil secções do Policiário no jornal Público e onde prestámos uma sentida homenagem ao Sete, com a presença de um dos seus filhos e hoje, presenteia-nos com um problema de um caso muito mais antigo do que a antiguidade destas recordações…


POLICIÁRIO DE 25 DE FEVEREIRO

 

O CONFRADE BIG BEN E O SETE DE ESPADAS

  

Quando em 1975 nos iniciámos nestas coisas do Policiário, nas páginas do “Mundo de Aventuras”, havia um grupo de magníficos e experientes “detectives” que nos provocavam uma admiração imensa. Nomes como M. Lima, Sete de Espadas, Inspector Aranha, Inspector Moisés, Jartur, Detective Misterioso, Dr. Aranha ou Big Ben, citando apenas os constantes na foto (da esquerda para a direita), obtida no I Convívio Policiário de Coimbra, em Março de 1976, mereciam-nos um respeito total.

 



Big Ben, mais tarde Mêbêdê, usando as iniciais do seu próprio nome, Manuel Barata Dinis e depois Figaleira, usando as iniciais dos seus netos, é natural de Alvares, a terra dos seus amores. Radicado na Amadora muitas décadas, a simples citação do seu pseudónimo era suficiente para causar algum frémito entre os “detectives”, pela certeza de estarmos perante um decifrador de enorme qualidade.

Também como produtor de enigmas policiários brilhou, com problemas de bom nível, com destaque para um que publicou no “Mistério…Policiário” do Mundo de Aventuras, com um pormenor que provocou uma hecatombe nas classificações, utilizando os seus conhecimentos profissionais de um tipo de tecido, pormenor até aquele momento completamente ignorado por todos.

Homem de boa cultura e grande amante da Língua Portuguesa, conseguia “brincar” com as palavras e transformá-las em jogos de Palavras Cruzadas e Charadas, tornando-se um dos expoentes maiores do nosso país, sob o pseudónimo de Mr. King.

Já retirado da actividade policiária, por problemas de visão, vai dar-nos o prazer da sua presença no torneio que homenageia o Sete de Espadas, uma pessoa que lhe diz muito, como bem acentua nas suas palavras:

 

 

 

 Apesar do meu problema visual que determinou, tempos atrás, "pendurar as chuteiras" (como se diz na gíria futebolística), naturalmente, se ter agravado com o decorrer dos anos, não ficaria de bem comigo mesmo, acaso ficasse apático ante a evocação ao ímpar "Sete de Espadas".

     Isto porque, presumo, poucos contemporâneos restam dos primórdios do "Sete" (isto é, da época do "Camarada"): Dr. Joel Lima, eu, "Jartur" (mas este não o terá conhecido nessa altura) e C.A.C.D., segundo informação do "Jartur". O Domingos "Aranha" e o "Zé" de Viseu, salvo erro, são posteriores.

     Adiciono que a primeira correspondência recebida do "Sete", a qual guardo devotamente, foi-me enviada em 28/8/1951 (Ih! quase setenta anos são passados...) de A-dos-Cunhados, localidade onde então residia. Depois morou em Vila Franca de Xira (na rua Palha Blanco), Agualva-Cacém e Lisboa (nas ruas Actriz Virgínia e Luis Pastor Macedo).

     Conheci-o pessoalmente em 1/12/1955 e julgo apropositado partilhar as circunstâncias. Por o "Sete" sempre diligenciar pela fraternidade entre os participantes das suas secções, para esse dia programou um desafio de futebol (de 11, claro, as modalidades 7 e 5 ainda não existiam) entre "veteranos" e "novos", incluindo-me no primeiro grupo, no sector defensivo, ao lado dele (se bem me lembro, o saudoso A. Raposo "fingiu" de guarda-redes) e, na carta enviada a convidar-me para o jogo, aludia à dificuldade em arranjar equipamentos. Ora, poucas ruas abaixo da morada onde nasci e vivi enquanto solteiro (perto da Penha de França, na capital), havia um estabelecimento que alugava camisolas, calções, meias e botas; disso lhe dei conhecimento, ficando assente encontrarmo-nos à porta do "dito-cujo" duas horas antes da "jogatana". E foi assim...

     A propósito de convívios, rememoro os acontecidos aquando da secção no "Mundo de Aventuras", alguns deles a rondar a centena de participantes. Também as reuniões semanais efectuadas num café junto aos Restauradores, em Lisboa (Palladium), onde apareciam dezenas de jovens que formavam uma roda à volta dele (ocupando imenso espaço, para desespero dos empregados).

     Porém, obviamente, era a maneira como coordenava as secções que orientou, no sentido de captar a juventude e foram inúmeras as "fornadas" conseguidas. E, se a memória não me atraiçoa (condicionante a recear quando a idade já ultrapassou o "prazo de validade"), o L.P. integrava uma delas.

     Em suma: indubitavelmente, o "Sete" era carismática personagem da problemística policiária portuguesa e, por isso, para sempre perdurável a sua memorização.

     A terminar, manifesto que, por o torneio homenagear Manuel José da Piedade Lattas ("Sete de Espadas"), invade-me o entusiasmo de interromper a hibernação e "fazer uma perninha", a fim de marcar presença. Nanja "alinhar em tudo", apenas no mais simples, pois os olhos só permitem ler ou escrever durante 8/10 minutos, depois tenho de parar. Oxalá!...

     

     Manuel Barata Diniz (“Big Ben" / "Figaleira")

 

 

FUTEBOL DE POLICIARISTAS

 

Como refere o nosso confrade Big Ben no seu escrito que hoje publicamos, havia algumas “futeboladas” entre policiaristas, que faziam parte do convívio que o Sete de Espadas promovia.

O próprio Sete de Espadas dá-nos uma descrição de uma delas (não a referida pelo confrade), ocorrida algures pelos anos 50/60 do século XX, na secção “Mistério Policiário” do Mundo de Aventuras de 4 de Setembro de 1975, inserindo fotografias das equipas em confronto: Os “Novos” (camisolas às riscas verticais) e os “Veteranos” (camisola lisa):

 

REPORTAGEM DE MEMÓRIA

 


“NOVOS”

No primeiro plano, da esquerda para a direita: “Célula Cinzenta”; António Raposo, com a bola; Fernando Madeira, o loiro bancário e o actual advogado dr. Cruz Barreto.

No segundo plano, também da esquerda para a direita: o conhecidíssimo locutor e produtor do RCP e da TV, Luís Filipe Costa; seguido de um de quem não me recordo o nome mas que era familiar do seguinte, o gorducho e coradinho Cloriano Monteiro de Carvalho; a que se segue um outro de quem também não me recordo o nome, para terminar no nosso árbitro Nuno de Barros.

“VETERANOS”

Nos “veteranos” também há alguns de quem não me recordo os nomes. Paciência. Para todos as minhas desculpas. Vocês apareceram nesses dias e depois… cada um seguiu para seu lado. A assiduidade tem muita importância… Mais do que muitos julgam!

Mas vejamos. No primeiro plano, de joelhos, da esquerda para a direita, está logo um de quem não recordo o nome; segue-se o já nosso conhecido “Dr. Aranha”, de óculos, publicitário a residir em Cascais, seguido do não menos conhecido “Mandrake”, o homem que em Portugal mais sabia, e creio que ainda sabe!, de literatura de Ficção Científica, hoje um conhecido advogado; terminando neste vosso amigo “Sete de Espadas”, sempre sorridente e bem disposto, optimista por princípio e convicção, apesar dos desenganos…

No segundo plano, o homem que me fez dar este mergulho no passado, o “Mister Ioso” (Luís Correia), seguido de um outro de quem também não me recordo o nome; segue-se, de cabecinha ao lado o Álvaro Trigo, que também criou e orientou uma secção Policiária no jornal “O Benfica”, actualmente no Canadá; ao lado de quem está outro famoso, o “Detective Said”, que era de Setúbal e depois veio para a Amadora; a terminar, o guarda-redes, de quem também não me recordo o nome.

SETE DE ESPADAS