quarta-feira, 10 de março de 2021

POLICIÁRIO DE 25 DE FEVEREIRO

 

O CONFRADE BIG BEN E O SETE DE ESPADAS

  

Quando em 1975 nos iniciámos nestas coisas do Policiário, nas páginas do “Mundo de Aventuras”, havia um grupo de magníficos e experientes “detectives” que nos provocavam uma admiração imensa. Nomes como M. Lima, Sete de Espadas, Inspector Aranha, Inspector Moisés, Jartur, Detective Misterioso, Dr. Aranha ou Big Ben, citando apenas os constantes na foto (da esquerda para a direita), obtida no I Convívio Policiário de Coimbra, em Março de 1976, mereciam-nos um respeito total.

 



Big Ben, mais tarde Mêbêdê, usando as iniciais do seu próprio nome, Manuel Barata Dinis e depois Figaleira, usando as iniciais dos seus netos, é natural de Alvares, a terra dos seus amores. Radicado na Amadora muitas décadas, a simples citação do seu pseudónimo era suficiente para causar algum frémito entre os “detectives”, pela certeza de estarmos perante um decifrador de enorme qualidade.

Também como produtor de enigmas policiários brilhou, com problemas de bom nível, com destaque para um que publicou no “Mistério…Policiário” do Mundo de Aventuras, com um pormenor que provocou uma hecatombe nas classificações, utilizando os seus conhecimentos profissionais de um tipo de tecido, pormenor até aquele momento completamente ignorado por todos.

Homem de boa cultura e grande amante da Língua Portuguesa, conseguia “brincar” com as palavras e transformá-las em jogos de Palavras Cruzadas e Charadas, tornando-se um dos expoentes maiores do nosso país, sob o pseudónimo de Mr. King.

Já retirado da actividade policiária, por problemas de visão, vai dar-nos o prazer da sua presença no torneio que homenageia o Sete de Espadas, uma pessoa que lhe diz muito, como bem acentua nas suas palavras:

 

 

 

 Apesar do meu problema visual que determinou, tempos atrás, "pendurar as chuteiras" (como se diz na gíria futebolística), naturalmente, se ter agravado com o decorrer dos anos, não ficaria de bem comigo mesmo, acaso ficasse apático ante a evocação ao ímpar "Sete de Espadas".

     Isto porque, presumo, poucos contemporâneos restam dos primórdios do "Sete" (isto é, da época do "Camarada"): Dr. Joel Lima, eu, "Jartur" (mas este não o terá conhecido nessa altura) e C.A.C.D., segundo informação do "Jartur". O Domingos "Aranha" e o "Zé" de Viseu, salvo erro, são posteriores.

     Adiciono que a primeira correspondência recebida do "Sete", a qual guardo devotamente, foi-me enviada em 28/8/1951 (Ih! quase setenta anos são passados...) de A-dos-Cunhados, localidade onde então residia. Depois morou em Vila Franca de Xira (na rua Palha Blanco), Agualva-Cacém e Lisboa (nas ruas Actriz Virgínia e Luis Pastor Macedo).

     Conheci-o pessoalmente em 1/12/1955 e julgo apropositado partilhar as circunstâncias. Por o "Sete" sempre diligenciar pela fraternidade entre os participantes das suas secções, para esse dia programou um desafio de futebol (de 11, claro, as modalidades 7 e 5 ainda não existiam) entre "veteranos" e "novos", incluindo-me no primeiro grupo, no sector defensivo, ao lado dele (se bem me lembro, o saudoso A. Raposo "fingiu" de guarda-redes) e, na carta enviada a convidar-me para o jogo, aludia à dificuldade em arranjar equipamentos. Ora, poucas ruas abaixo da morada onde nasci e vivi enquanto solteiro (perto da Penha de França, na capital), havia um estabelecimento que alugava camisolas, calções, meias e botas; disso lhe dei conhecimento, ficando assente encontrarmo-nos à porta do "dito-cujo" duas horas antes da "jogatana". E foi assim...

     A propósito de convívios, rememoro os acontecidos aquando da secção no "Mundo de Aventuras", alguns deles a rondar a centena de participantes. Também as reuniões semanais efectuadas num café junto aos Restauradores, em Lisboa (Palladium), onde apareciam dezenas de jovens que formavam uma roda à volta dele (ocupando imenso espaço, para desespero dos empregados).

     Porém, obviamente, era a maneira como coordenava as secções que orientou, no sentido de captar a juventude e foram inúmeras as "fornadas" conseguidas. E, se a memória não me atraiçoa (condicionante a recear quando a idade já ultrapassou o "prazo de validade"), o L.P. integrava uma delas.

     Em suma: indubitavelmente, o "Sete" era carismática personagem da problemística policiária portuguesa e, por isso, para sempre perdurável a sua memorização.

     A terminar, manifesto que, por o torneio homenagear Manuel José da Piedade Lattas ("Sete de Espadas"), invade-me o entusiasmo de interromper a hibernação e "fazer uma perninha", a fim de marcar presença. Nanja "alinhar em tudo", apenas no mais simples, pois os olhos só permitem ler ou escrever durante 8/10 minutos, depois tenho de parar. Oxalá!...

     

     Manuel Barata Diniz (“Big Ben" / "Figaleira")

 

 

FUTEBOL DE POLICIARISTAS

 

Como refere o nosso confrade Big Ben no seu escrito que hoje publicamos, havia algumas “futeboladas” entre policiaristas, que faziam parte do convívio que o Sete de Espadas promovia.

O próprio Sete de Espadas dá-nos uma descrição de uma delas (não a referida pelo confrade), ocorrida algures pelos anos 50/60 do século XX, na secção “Mistério Policiário” do Mundo de Aventuras de 4 de Setembro de 1975, inserindo fotografias das equipas em confronto: Os “Novos” (camisolas às riscas verticais) e os “Veteranos” (camisola lisa):

 

REPORTAGEM DE MEMÓRIA

 


“NOVOS”

No primeiro plano, da esquerda para a direita: “Célula Cinzenta”; António Raposo, com a bola; Fernando Madeira, o loiro bancário e o actual advogado dr. Cruz Barreto.

No segundo plano, também da esquerda para a direita: o conhecidíssimo locutor e produtor do RCP e da TV, Luís Filipe Costa; seguido de um de quem não me recordo o nome mas que era familiar do seguinte, o gorducho e coradinho Cloriano Monteiro de Carvalho; a que se segue um outro de quem também não me recordo o nome, para terminar no nosso árbitro Nuno de Barros.

“VETERANOS”

Nos “veteranos” também há alguns de quem não me recordo os nomes. Paciência. Para todos as minhas desculpas. Vocês apareceram nesses dias e depois… cada um seguiu para seu lado. A assiduidade tem muita importância… Mais do que muitos julgam!

Mas vejamos. No primeiro plano, de joelhos, da esquerda para a direita, está logo um de quem não recordo o nome; segue-se o já nosso conhecido “Dr. Aranha”, de óculos, publicitário a residir em Cascais, seguido do não menos conhecido “Mandrake”, o homem que em Portugal mais sabia, e creio que ainda sabe!, de literatura de Ficção Científica, hoje um conhecido advogado; terminando neste vosso amigo “Sete de Espadas”, sempre sorridente e bem disposto, optimista por princípio e convicção, apesar dos desenganos…

No segundo plano, o homem que me fez dar este mergulho no passado, o “Mister Ioso” (Luís Correia), seguido de um outro de quem também não me recordo o nome; segue-se, de cabecinha ao lado o Álvaro Trigo, que também criou e orientou uma secção Policiária no jornal “O Benfica”, actualmente no Canadá; ao lado de quem está outro famoso, o “Detective Said”, que era de Setúbal e depois veio para a Amadora; a terminar, o guarda-redes, de quem também não me recordo o nome.

SETE DE ESPADAS


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