O CONFRADE BIG BEN E O SETE DE ESPADAS
Quando em 1975 nos iniciámos nestas coisas do Policiário, nas páginas do
“Mundo de Aventuras”, havia um grupo de magníficos e experientes “detectives”
que nos provocavam uma admiração imensa. Nomes como M. Lima, Sete de Espadas,
Inspector Aranha, Inspector Moisés, Jartur, Detective Misterioso, Dr. Aranha ou
Big Ben, citando apenas os constantes na foto (da esquerda para a direita),
obtida no I Convívio Policiário de Coimbra, em Março de 1976, mereciam-nos um
respeito total.
Big Ben, mais tarde Mêbêdê, usando as iniciais do seu próprio nome, Manuel
Barata Dinis e depois Figaleira, usando as iniciais dos seus netos, é natural de Alvares,
a terra dos seus amores. Radicado na Amadora muitas décadas, a simples citação
do seu pseudónimo era suficiente para causar algum frémito entre os
“detectives”, pela certeza de estarmos perante um decifrador de enorme
qualidade.
Também como produtor de enigmas policiários brilhou, com problemas de bom
nível, com destaque para um que publicou no “Mistério…Policiário” do Mundo de
Aventuras, com um pormenor que provocou uma hecatombe nas classificações,
utilizando os seus conhecimentos profissionais de um tipo de tecido, pormenor
até aquele momento completamente ignorado por todos.
Homem de boa cultura e grande amante da Língua Portuguesa, conseguia
“brincar” com as palavras e transformá-las em jogos de Palavras Cruzadas e
Charadas, tornando-se um dos expoentes maiores do nosso país, sob o pseudónimo
de Mr. King.
Já retirado da actividade policiária, por problemas de visão, vai dar-nos o
prazer da sua presença no torneio que homenageia o Sete de Espadas, uma pessoa
que lhe diz muito, como bem acentua nas suas palavras:
Apesar do meu problema visual que determinou, tempos atrás,
"pendurar as chuteiras" (como se diz na gíria futebolística),
naturalmente, se ter agravado com o decorrer dos anos, não ficaria de bem
comigo mesmo, acaso ficasse apático ante a evocação ao ímpar "Sete de
Espadas".
Isto porque, presumo, poucos contemporâneos restam dos
primórdios do "Sete" (isto é, da época do "Camarada"): Dr.
Joel Lima, eu, "Jartur" (mas este não o terá conhecido nessa
altura) e C.A.C.D., segundo informação do "Jartur". O Domingos
"Aranha" e o "Zé" de Viseu, salvo erro, são posteriores.
Adiciono que a primeira
correspondência recebida do "Sete", a qual guardo devotamente,
foi-me enviada em 28/8/1951 (Ih! quase setenta anos são passados...) de A-dos-Cunhados,
localidade onde então residia. Depois morou em Vila Franca de Xira (na rua
Palha Blanco), Agualva-Cacém e Lisboa (nas ruas Actriz Virgínia e Luis Pastor
Macedo).
Conheci-o pessoalmente em 1/12/1955 e julgo
apropositado partilhar as circunstâncias. Por o "Sete" sempre
diligenciar pela fraternidade entre os participantes das suas secções, para
esse dia programou um desafio de futebol (de 11, claro, as modalidades 7 e 5
ainda não existiam) entre "veteranos" e "novos",
incluindo-me no primeiro grupo, no sector defensivo, ao lado dele (se bem me
lembro, o saudoso A. Raposo "fingiu" de guarda-redes) e, na carta
enviada a convidar-me para o jogo, aludia à dificuldade em arranjar
equipamentos. Ora, poucas ruas abaixo da morada onde nasci e vivi enquanto
solteiro (perto da Penha de França, na capital), havia um estabelecimento que
alugava camisolas, calções, meias e botas; disso lhe dei conhecimento, ficando
assente encontrarmo-nos à porta do "dito-cujo" duas horas antes da
"jogatana". E foi assim...
A propósito de convívios, rememoro os acontecidos
aquando da secção no "Mundo de Aventuras", alguns deles a rondar a
centena de participantes. Também as reuniões semanais efectuadas num café
junto aos Restauradores, em Lisboa (Palladium), onde apareciam dezenas de
jovens que formavam uma roda à volta dele (ocupando imenso espaço, para
desespero dos empregados).
Porém, obviamente, era a maneira como coordenava as
secções que orientou, no sentido de captar a juventude e foram inúmeras as
"fornadas" conseguidas. E, se a memória não me atraiçoa
(condicionante a recear quando a idade já ultrapassou o "prazo de
validade"), o L.P. integrava uma delas.
Em suma: indubitavelmente, o "Sete" era
carismática personagem da problemística policiária portuguesa e, por isso,
para sempre perdurável a sua memorização.
A terminar, manifesto que, por o torneio homenagear
Manuel José da Piedade Lattas ("Sete de Espadas"), invade-me o
entusiasmo de interromper a hibernação e "fazer uma perninha", a
fim de marcar presença. Nanja "alinhar em tudo", apenas no
mais simples, pois os olhos só permitem ler ou escrever durante 8/10
minutos, depois tenho de parar. Oxalá!...
Manuel Barata Diniz (“Big Ben" /
"Figaleira")
FUTEBOL
DE POLICIARISTAS
Como refere o nosso
confrade Big Ben no seu escrito que hoje publicamos, havia algumas “futeboladas”
entre policiaristas, que faziam parte do convívio que o Sete de Espadas
promovia.
O próprio Sete de Espadas
dá-nos uma descrição de uma delas (não a referida pelo confrade), ocorrida
algures pelos anos 50/60 do século XX, na secção “Mistério Policiário” do Mundo
de Aventuras de 4 de Setembro de 1975, inserindo fotografias das equipas em
confronto: Os “Novos” (camisolas às riscas verticais) e os “Veteranos”
(camisola lisa):
REPORTAGEM
DE MEMÓRIA
“NOVOS”
No primeiro plano, da
esquerda para a direita: “Célula Cinzenta”; António Raposo, com a bola;
Fernando Madeira, o loiro bancário e o actual advogado dr. Cruz Barreto.
No segundo plano, também
da esquerda para a direita: o conhecidíssimo locutor e produtor do RCP e da TV,
Luís Filipe Costa; seguido de um de quem não me recordo o nome mas que era
familiar do seguinte, o gorducho e coradinho Cloriano Monteiro de Carvalho; a
que se segue um outro de quem também não me recordo o nome, para terminar no
nosso árbitro Nuno de Barros.
“VETERANOS”
Nos “veteranos” também há
alguns de quem não me recordo os nomes. Paciência. Para todos as minhas
desculpas. Vocês apareceram nesses dias e depois… cada um seguiu para seu lado.
A assiduidade tem muita importância… Mais do que muitos julgam!
Mas vejamos. No primeiro
plano, de joelhos, da esquerda para a direita, está logo um de quem não recordo
o nome; segue-se o já nosso conhecido “Dr. Aranha”, de óculos, publicitário a
residir em Cascais, seguido do não menos conhecido “Mandrake”, o homem que em
Portugal mais sabia, e creio que ainda sabe!, de literatura de Ficção
Científica, hoje um conhecido advogado; terminando neste vosso amigo “Sete de
Espadas”, sempre sorridente e bem disposto, optimista por princípio e
convicção, apesar dos desenganos…
No segundo plano, o homem
que me fez dar este mergulho no passado, o “Mister Ioso” (Luís Correia),
seguido de um outro de quem também não me recordo o nome; segue-se, de
cabecinha ao lado o Álvaro Trigo, que também criou e orientou uma secção
Policiária no jornal “O Benfica”, actualmente no Canadá; ao lado de quem está
outro famoso, o “Detective Said”, que era de Setúbal e depois veio para a
Amadora; a terminar, o guarda-redes, de quem também não me recordo o nome.
SETE
DE ESPADAS
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