Torneio SÁBADO
Policiário 2020
Prova n.º 6 – Parte II
QUEM MATOU A DONA CIDÁLIA?
Quando os agentes
arrombaram a porta já estavam mais ou menos a contar com o que iam encontrar e
por isso não deixaram ninguém aproximar-se, mantendo a vizinhança no piso de
baixo.
Tudo começou quando uma
vizinha estranhou que a D. Cidália, uma velha inquilina de várias décadas, não
desse sinal de vida, apesar de ela bater insistentemente à porta:
– Pensei que lhe tinha
dado alguma coisa, nós ouvimos tantas histórias de pessoas que morrem sozinhas
em casa com ataques do coração e outras coisas, que até ficamos logo a pensar…
Afinal, como a polícia
verificou, não foi um ataque cardíaco, mas sim um ataque violento que vitimou a
idosa, trespassada por golpe certeiro desferido com uma faca de lâmina bem
afiada, cravada nas costas. Confirmaram que nada havia a fazer pela pobre
senhora e aguardaram serenamente pela chegada do inspector da
Judiciária e dos membros da equipa técnica que ia efectuar a recolha
de provas.
Uma busca ao local
revelou desde logo que a casa não tinha grandes condições de habitabilidade, as
paredes estavam degradadas pela humidade e as duas únicas janelas, uma que dava
para um pátio interior e outra que dava para a rua, estavam ambas trancadas por
dentro, o que tornava a casa bastante bafienta, pela falta de circulação de ar.
Não havia sinais de
luta. A senhora fora certamente apanhada de surpresa e trespassada com um único
golpe, caindo de bruços. Não havia sinais de ter sido arrastada ou movida da
posição em que caiu. A porta foi arrombada pelos polícias, já que estava
fechada, não apenas no trinco, mas com duas voltas. A chave não estava metida
na fechadura, mas sim depositada em cima de um aparador, perto da mala da
vítima, onde estavam diversos objectos pessoais e uma carteira com
algum dinheiro, já que recebera na véspera a sua pensão.
Rapidamente o Inspector Fidalgo
chegou a três pessoas que poderiam ter motivos ou que estiveram com a vítima
nas horas anteriores ao desfecho, que foi ouvir, em separado, na casa da
vizinha do rés-do-chão, a D. Eleutéria, que foi quem deu o alarme à polícia e
que afirmou no seu depoimento:
– Senhor inspector,
eu era amiga da Cidália e costumávamos ir as duas ao mercado, à mercearia, à
missa, eramos amigas e como não temos mais ninguém, apoiávamo-nos uma à outra,
sabe como é… Ontem à noite estivemos na casa dela a ver televisão, bebemos chá
e comemos uns bolitos, mas quando vim embora já o senhor Castro, que mora aqui
em cima estava a reclamar à porta que estávamos a fazer muito barulho! Veja lá,
o homem estava sempre a reclamar do barulho que a Cidália fazia, uma mulher que
vivia sozinha que barulho podia fazer, diga-me cá? Barulho faz ele, que eu
apanho cá em baixo, só a ressonar parece uma trovoada! A Cidália só fechava a
porta à chave à noite e deixava a chave na fechadura, para poder abrir a porta
e fugir se houvesse alguma coisa, um incêndio ou coisa assim. Na noite passada,
ela ficou nas escadas à espera que eu chegasse à minha casa, como
fazia sempre e quando eu cheguei disse-lhe que estava tudo bem e ouvi-a a
fechar a porta. Só hoje de manhã estranhei não aparecer e foi então que chamei
a polícia. Não entrei em casa, não me deixaram, só me disseram que estava
morta, coitada. Deu-lhe alguma coisa… já não somos novos…
O vizinho Castro, não
foi nada meigo no depoimento que fez:
– Coitada dela, mas era
muito impossível no trato. Não se conseguia aturar e a mania de fazer barulho a
qualquer hora deixava-me desesperado. Às vezes dava-me uma gana de ir lá acima
e dizer-lhe das boas, mas enfim, já lá está, não é? A última vez que a vi foi
ontem à tarde, mas ainda a ouvi à noite, quando veio despedir-se da amiga às
escadas. Ouvi-as a trocarem despedidas e cada uma delas fechou a sua porta,
isso, eu ouvi porque fizeram um barulhão dos diabos. O
senhor inspector desculpe, mas não tenho pena nenhuma e pode ser que
agora eu tenha descanso… Nunca entrei em casa dela, era só o que faltava,
queixava-me do barulho quando ela passava à minha porta. Já não a
podia aturar… Ela fechava sempre a porta à chave, eu ouvia-a a rodar na
fechadura, disso tenho a certeza…
O senhorio, que morava
no prédio ao lado, mostrou-se abalado com a notícia…
– Não esperava isto… Já
muitas vezes tinha dito à D. Cidália que não devia ter aquelas facas na
cozinha, mas pensava sempre que pudesse acontecer algum acidente e ela
cortar-se ou coisa assim, porque já era uma pessoa de idade e a usar aquilo…
Nunca pensei que pudesse acontecer uma coisa destas, nesta casa e neste bairro
que é tão pacato. Agora é que vão ser elas para conseguir arrendar a casa outra
vez, vão todos começar com a conversa do assassínio da D. Cidália… Não vai ser
nada fácil… Sim, tenho uma chave de todas as casas, mas não sei se os
inquilinos mudam as fechaduras ou os canhões. A D. Cidália ainda tinha a mesma,
foi pena terem arrombado a porta, agora vou ter mais uma despesa…
O Inspector Fidalgo releu
os seus apontamentos e já tinha a ideia de quem estava envolvido na morte da
senhora…
1 – D. Eleutéria;
2 – Sr. Castro;
3 – Senhorio;
4 – Alguém vindo de
fora.
E pronto.
Esperamos que os
detectives se debrucem sobre este caso e indiquem qual dos quatro é o
criminoso, impreterivelmente até ao dia 31 de Julho, para lumagopessoa@gmail.com, ou por via postal Luís Pessoa, Estrada Militar, 23,
2125-109 MARINHAIS.
Boas deduções!
Sem comentários:
Enviar um comentário