Torneio SÁBADO Policiário 2020
Prova n.º 4 – parte II
O INSP. FIDALGO E O MECO!...
Naquele dia de puro Inverno, o
Inspector Fidalgo brincava com um colar de “clips”
que se entretivera a encadear diligentemente, como fazia muitas das vezes em
que estava aborrecido. Há vários dias que não tinha nada que fazer, parecendo
que, subitamente, todos os criminosos da cidade se tinham reformado.
Desesperou de nada fazer e pegou, com
enfado, no número desse dia do jornal.
– Bolas, nem no jornal vem nada de jeito…
Bolas!...
Foi então que uma pequena notícia lhe
atraiu a atenção. Algures nas Avenidas Novas, uma velha senhora, viúva e só,
aparecera morta na madrugada, em condições pouco claras.
Sem nada para fazer, o Inspector
Fidalgo vestiu o impermeável, colocou o chapéu e lançou-se para a invernia…
Não ficava muito distante e decidiu
ir a pé, apesar da chuva que insistia em cair com intensidade. A casa era
velha, tão velha como a vítima, como lhe contaram as vizinhas, ainda eufóricas
com o acontecido…
– Era de esperar…
– Estava mesmo a pedi-las… Eu bem
a avisei uma série de vezes, mas…
O inspector meteu-se na conversa…
– Avisaram-na de quê?
– Ora, que a sua mania de andar
sempre a dar comida a cães e gatos vadios ia dar maus resultados…
– O que é que a sua morte tem a ver
com isso?
– Sei lá!... O que sei é que ela já
foi ameaçada uma data de vezes por vizinhos aqui, por causa do cheiro e do
barulho que os cães fazem de noite…
– Não é razão para se matar…
– Isso já não sei, agora que ali
o sr. Filipe e o Ambrósio se fartaram de
ameaçar, isso é verdade.
O inspector foi falar com o Filipe…
– Esta gente é doida… Alguma vez eu
era capaz de matar uma pessoa por causa de barulho ou de animais… Francamente,
o que aconteceu deve ter sido ela que se desequilibrou e caiu pelas escadas
abaixo… Não consigo imaginar de outra forma… Sim, é verdade que ameacei e
muitas vezes quase perdi a paciência, mas daí a tentar matar…
– Não ouviu nada de anormal?
– De que género?
– Sei lá, gritos, latidos, sei lá…
– Bem, os cães que ela tinha em casa fartaram-se de ladrar, mas faziam isso todas as
noites… Não foi muito diferente…
– O que é que tem na perna?
– Eu… Bem, eu fui mordido por um
desses rafeiros, mas não foi agora, já foi ontem… Não fui ao médico, fiz eu o
curativo… Foi o cão castanho, a que ela chamava Meco…
Na verdade, como contaram as
vizinhas, o cão fartou-se de lhe ladrar quando o levaram, quase arrastando o
homem que o conduzia pela trela. Mas logo concluíram que o cão ladrava assim a
quase toda a gente, só respeitava a velha e até já evitara uma vez que ela
fosse assaltada.
Estava o inspector a passarinhar pela
casa quando uma das alcoviteiras o foi chamar:
– Está a chegar o Ambrósio…
O inspector mediu o homem e perante a
sua surpresa, pelo menos aparente, perguntou-lhe o que fizera durante a noite…
– Ora essa? Quem é você? O que é que
tem com isso?
A atitude mudou quando o inspector se
identificou.
– Desculpe, não sabia… Eu sou vigilante nocturno. Tenho aquela viatura
distribuída pela empresa, tenho uma série de firmas para visitar durante a
noite… Compreende, tenho de fazer a minha ronda… Mas não percebo por que me
está a perguntar essas coisas. Aconteceu alguma coisa à minha mulher?
Assaltaram-me a casa? Que se passa?
– Tenha calma… Estou a tentar
estabelecer alguma relação entre você e a sua vizinha dos cães…
– O raio da mulher fez queixa de mim,
não foi? Pois claro que tinha de ser… Então não é que o raio de um cão que ela
lá tem me tentou atacar ontem, quando saí para
a ronda…
– O Meco…
– Sim, é o maldito Meco… Claro que
lhe mandei um valente pontapé, mas o “gajo” é forte como o raio e vi-me às
aranhas… Mandei umas “bocas”, mas longe de mim fazer mal à velha… Que diabo, eu
também sou uma espécie de agente da autoridade, de certa forma, compreende… Já
se adivinhava que um dia ia haver problemas… As escadas não são para
brincadeiras… Mas, enfim, coisas que acontecem…
O Meco não ia ver mais a sua “dona”,
nem teria que se preocupar mais com a sua segurança…
A – O
responsável foi o Ambrósio, que mentiu descaradamente porque não deu nenhum
pontapé no Meco, senão tinha de ter marcas de mordeduras.
B – O
culpado foi o Filipe, e por isso é que o cão lhe deu a mordidela na perna.
C – O
culpado foi o Ambrósio, que não deve ter feito só a ronda, nessa noite, pelas
declarações que produziu.
D – O
responsável foi o Filipe que não deve ter sido tão “santinho” como pretende
parecer, pelas declarações que fez.
E
pronto.
Resta
aos detectives escolherem a hipótese que é verdadeira e fazerem-na chegar,
impreterivelmente até ao dia 31 de Maio, para o endereço de e-mail lumagopessoa@gmail.com
ou, optando pela via postal, para Luís Pessoa, Estrada Militar, 23, 2125-109
MARINHAIS.
Boas
deduções!
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