TORNEIO SÁBADO POLICIÁRIO 2020
PROVA N.º 4 - PARTE I
O INSPECTOR FIDALGO E A MORTE DE SEBASTIÃO
O Sebastião apareceu morto!
Naquele local ermo e calmo, algures no interior do
Ribatejo, em zona onde muitas vezes os nevoeiros têm o seu reinado, um nome
como o dele prestava-se a brincadeiras a propósito da lenda que mostraria um
Sebastião a aparecer numa manhã de nevoeiro…
Diziam-lhe os amigos para ter o cuidado de nunca aparecer
quando os nevoeiros tapassem a planície, pois poderia acabar em rei… sem trono!
Sebastião não era rei de coisa nenhuma.
Filho de um modesto caseiro de uma propriedade abastada,
teve a sorte de vir ao mundo com dois palmos de cara e assim conquistar a filha
do senhor das terras, algo que não era, como é óbvio, muito bem recebido por
este.
Daí que estivesse proibido de aparecer na parte da casa dos
senhores, o que não impedia, ao que se dizia, alguns encontros furtivos.
Naquela manhã, Alarcão, proprietário e pai de Carolina,
levantou-se cedo, cerca das 7 horas e, como declarou mais tarde à polícia, não
viu nada, porque o nevoeiro ali é mesmo cerrado e também não ouviu nada
estranho, nem os cães deram sinal, pelo que foi logo fazer aquilo que mais
gostava, ou seja, tratar dos seus cães, mas muito rapidamente porque ainda era
muito cedo e o vento forte e gelado cortava a cara.
O casarão ficava na parte da frente do terreno, ainda a
considerável distância da estrada e era vedado em todo o seu perímetro por
muros altos. Na parte de trás do terreno, fora dos muros, estava a casa do caseiro,
onde vivia Sebastião.
Todo o terreno estava isolado de outros, uma vez que havia
pinhais em toda a volta, excepto na frente, onde passava a estrada. Do lado
direito, havia um caminho que dava acesso à casa do caseiro, ao longo do muro
compacto, de mais de 100 metros, apenas interrompido, quase no seu extremo, por
um portão que era usado por todos os que da casa do caseiro iam ou vinham para
a casa de Alarcão. Foi por volta das 8 horas que a mãe do moço deu com ele sem
vida, quando o foi chamar para o pequeno-almoço.
Os pais de Sebastião não deram por nada, segundo
declararam, o mesmo acontecendo com os moradores da casa de Alarcão. Os
vizinhos mais próximos, do outro lado do pinhal, disseram que apenas ouviram os
cães em grande algazarra, por volta das 7 e meia, como sempre faziam, quando o
seu dono regressava a casa depois de alguma ausência e o vento estava de
feição.
O padeiro da aldeia, que circulava por ali, como sempre
fazia por volta daquela hora, na faina de levar o pão de porta em porta, declarou
que não deu nota de nada e que só viu, ao olhar da estrada, o senhor Alarcão a
caminhar em direcção a sua casa, vindo dos lados da casa do caseiro, ainda não
eram 8 horas.
A polícia interrogou o padeiro durante algum tempo.
Sabia-se que Sebastião namorara com a filha dele durante muito tempo e que
chegaram a ter data marcada para o casamento, mas a chegada da filha de Alarcão
fez cair por terra todos os planos. Mas o interrogatório não revelou muito
mais.
A filha do padeiro, por seu lado, declarou não saber nada
sobre o assunto, já que nessa madrugada e manhã estivera com a mãe a fazer o
pão que o pai levava a casa das pessoas, o que se confirmou.
Alarcão manteve a sua história e mostrou-se muito ofendido
por alguém alimentar sequer a suspeita de que ele seria capaz de fazer tal
atrocidade ao moço, mesmo querendo, como ele queria, que ele largasse a sua
filha, de vez.
O Inspector Fidalgo não precisou de muito tempo para
descobrir que alguém não dizia toda a verdade nesta história e que, apesar do
Sebastião jamais poder surgir do nevoeiro, esse alguém também não o poderia
fazer durante muito, muito tempo…
Elabore um relatório, sem se esquecer que não basta dizer só
quem mente. É preciso justificar, apresentando provas.
E pronto.
A partir daqui é o tempo dos detectives que se inicia.
Impreterivelmente até ao dia 31 de Maio devem enviar as conclusões para lumagopessoa@gmail.com ou, optando pela via postal, Luís Pessoa, Estrada Militar,
23, 2125-109 MARINHAIS.
Boas deduções!
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