TORNEIO SÁBADO POLICIÁRIO 2020
PROVA N.º 10 – PARTE II
O INSPECTOR FIDALGO FOI À ESCOLA…
O Inspector Fidalgo olhou para os
alunos e começou a narração do caso que pretendia que eles decifrassem:
A data do cortejo aproximava-se e
cada um estava ocupado na feitura do melhor disfarce, para poderem brilhar no
desfile.
Não era uma época que agradasse muito
ao André, farto de andar a fugir às partidas dos outros, algumas de muito mau
gosto, como banhos em cima de farinha ou ovos podres, muito mal cheirosos. As
tradicionais bombas e estalinhos, apesar das proibições, também faziam parte do
rol.
Mas como todos se afadigavam para que
o divertimento acontecesse, o André lá ia participando e no canto da
arrecadação, longe dos olhares, ia aprontando o fato com que iria desfilar e
disputar os prémios aos restantes.
A arrecadação situava-se no extremo
de um pátio de boas dimensões, onde se erguiam quatro esplêndidas figueiras que
faziam as delícias de todos por produzirem uns figos doces e suculentos, desde
sempre um ex-libris da quinta.
Do outro lado do pátio, ficava a
casa, uma mansão enorme, com muitas janelas alinhadas em dois pisos.
No piso de baixo situavam-se as
salas, biblioteca e, na parte traseira, as cozinhas enormes. No piso de cima
ficavam os quartos, tantos que até cansava contá-los.
O dia estava soalheiro, mas o frio
apertava, com um vento gélido a soprar da serra, quando o André deixou a
companhia da Rita e do Afonso, para dar mais uma saltada à arrecadação e fazer
mais una ajustes na sua vestimenta. Tinha a certeza que ia arrasar no desfile,
ninguém poderia ter uma ideia como a sua!
O grito ecoou pelo pátio e
estendeu-se pela serra longínqua, alertando os residentes, que acorreram à
arrecadação de onde os gritos vieram…
O André estava destroçado. Apesar de
não gostar da época e dos festejos, pôs uma grande parte de si na execução da
vestimenta e agora nem queria acreditar no que via: o fato rasgado, cortado com
uma faca ou instrumento ainda mais cortante, completamente irrecuperável.
A Rita e o Afonso chegaram muito
rapidamente, talvez rápidos demais, como se já soubessem ao que iam.
Muito mais tarde, apareceu o Daniel
com a Camila, perguntando porque era tanto o barulho e a gritaria.
Todos aparentaram ficar consternados
com o acontecido, mas certamente que um deles fora o causador da destruição.
A Rita revelou que não fazia a mínima
ideia que o André estava a preparar um disfarce, até porque sabia muito bem que
ele não gostava dessas coisas.
Acabou por confessar mais tarde que
já lá tinha ido espreitar porque da janela do seu quarto viu o André entrar e
sair algumas vezes da arrecadação e teve curiosidade, mas não fez nada de mal,
só viu, nada mais.
O Afonso disse que não imaginava o
André numa dessas e só acorreu porque veio a seguir a Rita, que estava com ele
na sala, na altura dos gritos. Não sabia nada.
O Daniel começou por meter os pés
pelas mãos, mas acabou por confessar que o nervosismo era por estar a namorar
com a Camila na biblioteca, longe dos olhares indiscretos e nem ele nem ela queriam
que se soubesse. Revelou que não tinha feito nada, nem sabia que o André estava
a fazer aquilo.
No entanto, afirmou que viu da janela
do seu quarto, que fica mesmo em frente da porta da arrecadação, a Rita, logo
após o almoço, esgueirar-se muito rente ao edifício da arrecadação, com um
objecto na mão, parecido com um xizato, mas não
conseguiu ver onde entrou por causa das copas das árvores, mas como não a viu
continuar, quase de certeza que entrou na arrecadação. Não a viu sair porque
foi ter com a Camila.
A Camila corroborou o namoro
escondido, mas negou que soubesse que o André estava a fazer o disfarce na
arrecadação, até porque tinha quase a certeza que ele não ia fazer nada. Ficou
surpreendida…
Todos ficaram calados. Afinal pouco
havia para dizer. O André estava inconsolável; o Afonso nem sabia onde se havia
de meter; o Daniel parecia ser o menos afectado e trocava olhares e alguns
carinhos com a Camila; enquanto isso, o queixo da Rita tremia, com manifesto
mau estar…
O André respirou fundo e disse: Sei
quem foi. Estou decepcionado porque trabalhei muito para isto, mas também não
adiantava mostrar-me com o disfarce, porque não seria eu a estar ali…
Fidalgo parou durante um longo
minuto, ganhando folego e aproveitando para olhar cada um dos alunos. Sentiu
que perceberam a história e estavam prontos para dar a resposta...
A – Foi a Camila.
B – Foi a Rita.
C – Foi o Afonso.
D – Foi o Daniel.
E
pronto.
Assim
chegamos ao fim deste torneio, em que os detectives puderam demonstrar os seus
dotes para a investigação criminal.
Nem
tudo decorreu da melhor forma a todos os detectives, nem isso era espectável,
dado que foi o primeiro contacto com o Policiário para muitos dos nossos
leitores e concorrentes.
A
experiência agora adquirida vai dar os seus frutos e os resultados aparecerão
já no próximo ano, no torneio de homenagem ao Sete de Espadas, no centenário do
seu nascimento.
Entretanto,
devem responder ao enigma de hoje, até ao dia 30 de Novembro, indicando a
alínea que escolherem, para lumagopessoa@gmail.com ou,
optando pela via postal, Luís Pessoa, Estrada Militar, 23, 2125-109 MARINHAIS.
Boas
deduções!
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